sábado, janeiro 13, 2007

Special One

José Mourinho nasce em 1963, com 4,570 quilos (mas só o babygrow Armani pesava 500 gramas).
Na sala de partos, surpreende médicos e enfermeiros por ser tão precoce.
Por exemplo, mal sai da barriga da mãe, é ele que corta o cordão umbilical, com os dentes.
Em termos gerais, trata-se de um bebé saudável.
A única coisa que intriga os pediatras é a estranha presença de uma massa na sua cabeça que ocupa uma superfície maior do que a do próprio cérebro. Depois de alguns exames, os médicos sossegam a família: é só o ego.

A primeira palavra que José Mourinho diz, aos 10 meses, é"mama", seguido de "... mais um golo desses e tiro-te da equipa titular". Era o primeiro sinal da dureza com que viria a tratar os seus jogadores.
Aos 7 anos, já ia para a escola de barba por fazer para intimidar os colegas e, durante as peladinhas, quando alguma coisa não corria bem, ia-se embora. Pior do que isso, obrigava os outros a terminar o jogo, porque a táctica era dele.

É no FC Porto que se começa a destacar como treinador principal.
Ficou conhecido pelas previsões arrojadas. "Esta época, vou ser o primeiro treinador da história do Porto a ganhar o campeonato sem a ajuda dos árbitros", terá dito, com alguma dose de arrogância. É claro que Pinto da Costa, a confiarmos no que escreve Carolina Salgado, não foi na conversa.

Aos títulos nacionais junta as vitórias nas competições internacionais.
Primeiro, humilha as outras equipas europeias, ganhando a final da Taça Uefa com o Marco Ferreira em campo.
De seguida, vence a Liga dos Campeões e segue para o Chelsea, onde entra em conflito com o mundo inteiro: adversários, imprensa, árbitros, UEFA... Esta é uma guerra desigual. Claramente o Mundo precisa de ajuda.

Em dois anos, ganha por duas vezes o campeonato inglês e destaca-se na imprensa pela sua confiança.
Em Londres, os psiquiatras começam a receitar aos pacientes com falta de auto-estima uma entrevista de José Mourinho ao pequeno-almoço, outra à tarde e outra ao deitar.
Pessoalmente, vou ficar à espera do dia em que algum jornalista lhe pergunte se ele acredita no filho de Deus. Que é para ele responder: "Claro que sim. Acabei de o levar à escola."


Miguel Góis

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